Uma mulher grávida de 18 anos denunciou o ex-companheiro por perseguição e ameaça em Congonhinhas (50 Km de Cornélio Procópio). A vítima teve um breve relacionamento com o homem, de quem está grávida, que terminou por conta de crises de ciúme.
O suspeito não aceita o fim da relação e chegou a ameaçar a jovem de morte.
O delegado Adriano Diogo disse que a vítima relatou ter tido um relacionamento de cerca de dois meses com o homem de 19 anos. Ela ficou grávida e eles decidiram morar juntos. Entretanto, a vítima disse em depoimento que o relacionamento não deu certo, já que o companheiro era muito ciumento e possessivo, então ela decidiu voltar para a casa dos pais.
Segundo o delegado, como o rapaz não aceitava a separação, passou a ameaçar a vítima, inclusive de morte caso ela não voltasse para ele.
“Ele pegou os objetos pessoais dela, como roupas, sapatos, maquiagem, e jogou no rio”, afirma o delegado, completando que a jovem conseguiu gravar os vídeos que o suspeito enviava em formato de ‘visualização única’.
“É uma prova muito importante e que vai comprovar realmente as atitudes dele, como a perseguição, o dano qualificado e as ameaças que ele proferiu contra ela”, detalha.
A relação começou há cerca de dois meses e terminou na semana passada. Desde então, ele também estaria frequentando os locais em que a vítima costumava ir com as amigas para proferir ameaças. Com isso, a vítima foi até a delegacia e solicitou uma medida protetiva de urgência.
Ela relatou também que o suspeito registrou as informações das redes sociais dela no próprio celular e acessava o perfil em aplicativos como WhatsApp, Instagram e TikTok. O delegado disse que a vítima tentou recuperar as contas, mas que ele conseguiu burlar e manter o acesso aos perfis nas redes sociais.
“Ele utiliza as redes sociais se passando por ela”, explica.
O homem também estaria retendo alguns pertences da vítima na casa em que eles moravam, como documentos pessoais e móveis, e pediu ajuda da polícia para fazer a retirada em segurança dos itens.
Segundo ela, o suspeito não permitiu em tentativas anteriores de que os pais da vítima buscassem os pertences.
A partir das provas, a polícia caracterizou o crime como perseguição, ou também chamado de stalking, já que o suspeito perseguia a vítima nas redes sociais e também nos ambientes que ela frequentava.
Além disso, ele deve responder por dano qualificado, causando um prejuízo estimado de mais de R$ 3 mil, e, também, pelo crime de falsa identidade, já que se passava pela vítima nas redes sociais.
Ele foi preso em flagrante na segunda-feira (11), na casa da mãe e teve o celular apreendido. O aparelho deve ser periciado. Após o pagamento de fiança, ele foi liberado ainda na segunda e vai responder em liberdade. Se condenado por todos os crimes, a pena pode chegar a até oito anos de prisão.
Ao ser ouvido pelos policiais, ele confirmou que jogou alguns dos pertences da ex-companheira no rio por estar nervoso. Em relação aos bens retidos na casa em que eles moravam, ele falou que não queria que os pais dela fossem buscar, apenas ela ou a avó.
“Sobre as redes sociais, ele disse que apenas os aplicativos estavam instalados no celular e negou o acesso”, relata Adriano Diogo.
O delegado explica que a vítima tem uma medida protetiva contra o rapaz com o objetivo de resguardar a integridade física e psicológica. Com isso, ele não pode ter contato com ela e com familiares e amigos, pessoalmente ou por telefone, e deve manter uma distância mínima a ser fixada pelo juiz. Ele disse que ela também pode solicitar o ‘botão do pânico’, que é um aplicativo instalado no celular em que ela pode acionar caso se sinta em perigo.
A ação integra a Operação Shamar, que ocorre durante o “agosto lilás” e se estende até 4 de setembro em todo o país. A iniciativa é coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e tem como objetivo o combate à violência contra a mulher.
O nome da operação vem do hebraico "Shamar", que significa cuidar, guardar, zelar ou proteger.
Em qualquer situação envolvendo violência contra a mulher, a polícia pode ser acionada pelos números: 190 (Polícia Militar), 197 (Polícia Civil) e 180 e 181 para denúncias anônimas.