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Fazendeiros montam células para enfrentar “Abril Vermelho” do MST


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Apesar do movimento, proprietários de terra negam que estejam se armando para receber eventuais invasores

Foto: Divulgação
Invasões anunciadas para o chamado “Abril Vermelho” MST

Fazendeiros estão se organizando em dezenas de cidades da Bahia para reagir ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e à onda de invasões anunciadas para o chamado “Abril Vermelho”.

Na versão mais atualizada, havia 800 fazendeiros listados e distribuídos em 130 dos 417 municípios baianos em sete núcleos de cidades: Itabuna, Ipaú, Itapetinga, Eunápolis, Santo Antônio de Jesus e Vale do Jiquiriçá.

A origem do movimento foi na cidade de Santa Luzia, onde um pequeno grupo de fazendeiros conseguiu impedir a invasão dos sem-terra. Desde então, o movimento cresceu e associações e sindicatos rurais têm servido de base para reuniões. Mais recentemente, prefeituras de outras regiões do estado aderiram.

De acordo com o Incra, foram comunicadas ao órgão 16 invasões neste ano no país, sendo seis em São Paulo, dez na Bahia e uma no Espírito Santo.

Como a comunicação não é obrigatória, os números não necessariamente não refletem a realidade, mas a forma como se deu o desfecho aponta que em governos mais à direita, como em São Paulo, a retirada acaba sendo mais rápida do que nos governos mais à esquerda, como o da Bahia.

Ajuda neste cenário o fato de governadores mais à direita no espectro político terem sinalizado que não tolerariam invasões.

No dia 7 de março, em evento de posse do novo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), antiga liderança ruralista, disse que “enquanto for governador de Goiás, não terá invasão de terra no estado”.

O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), disse que haverá “tolerância zero” com o movimento. E em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) acabou prendendo um dos líderes da Frente Nacional de Lutas, José Rainha, após uma onda de invasões durante o carnaval.

Em Brasília, por outro lado, as declarações do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, são no sentido da defesa da legalidade. “As políticas do presidente Lula vão na direção da aceleração do programa de reforma agrária para diminuir os conflitos e garantir a paz no campo”, disse o ministro.

A distribuição das superintendências estaduais do Incra, responsável pela reforma agrária, tem sido feita com aval do movimento.

Na Bahia, por exemplo, foco maior da tensão, foi nomeado um ex-vereador de Cruz das Almas, Carlos José Barbosa Borges, filiado ao PT. Ele foi indicado pelo deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), principal liderança ligada ao MST dentro do Congresso Nacional.

Além disso, o governo deixa claro a ligação com o movimento. No dia 17 de março, cinco ministros de Estado foram até a 20ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico em Viamão, no Rio Grande do Sul.

Toda a direção nacional do movimento esteve reunida no evento, além do ministro Paulo Teixeira.

Lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra confirmaram que deverão ocorrer invasões país afora em abril e que considera haver um ambiente mais confortável a isso com a mudança de governo de Bolsonaro para Lula.

Mas ressaltam que há a leitura de parte do movimento de que desencadear uma série de invasões pode acabar fortalecendo a oposição ao governo e tensionando ainda mais o ambiente político.

O cálculo é, portanto, não radicalizar a ponto de fragilizar o governo no qual o movimento tem proximidade.

E utilizar a movimentação para pressioná-lo por um plano nacional de reforma agrária que contemple um cronograma de assentamentos durante todos os quatro anos do governo Lula.

Nas contas do movimento, há cerca de 100 mil famílias acampadas no Brasil, das quais 80% são vinculadas ao MST. A maior parte está situada na região Nordeste.

O MST também cobra que as nomeações para as superintendências regionais do Incra, órgão responsável pelos assentamentos, sejam aceleradas.

O Incra não informou quantas já foram trocadas, mas nas contas do MST, isso ocorreu em menos da metade das 29 existentes no país.

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Fonte: Redação Cornélio Notícias, com informações da CNN
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