Notícias

Servidores estariam sendo coagidos em prol a candidato do governo em Curitiba


MPL - ADVOGADOS ASSOCIADOS

Eles deveriam fazer doações via Pix por meio da compra de ingressos para um jantar da campanha

Foto: Reprodução/SMCS
Eduardo Pimentel entre Rafael Greca, prefeito de Curitiba e Ratinho Jr

Um grupo de servidores da prefeitura de Curitiba teria sido coagido a doar dinheiro para a campanha do candidato a prefeito Eduardo Pimentel (PSD), atual vice-prefeito de Rafael Greca (PSD), mostram áudios obtidos pela Folha de São Paulo.
As doações via Pix deveriam ser feitas por meio da compra de ingressos para um jantar da campanha.
Os áudios revelam que Antônio Carlos Pires Rebello, superintendente de Tecnologia da Informação, fez uma reunião com servidores para dizer que eles precisavam "até sexta-feira" comprar convites do jantar em apoio a Pimentel, que isso "já veio determinado" e "não tem como negociar".
A reportagem não conseguiu ouvir Rebello, que foi exonerado na terça-feira (1), após a repercussão do caso, divulgado primeiro pelo site Metrópoles.
Ele se referia ao jantar em 3 de setembro no restaurante Madalosso, que reuniu autoridades como o governador Ratinho Junior (PSD). Greca e Ratinho são os principais cabos eleitorais de Pimentel. O bolsonarista Paulo Martins (PL) é o candidato a vice-prefeito na chapa.
Nos áudios, Rebello lê uma lista com os nomes dos funcionários que devem contribuir e já anuncia quais são os valores que cada um precisa transferir.
Ele próprio e outros 11 servidores deveriam fazer um Pix de R$ 3.000. Para outros quatro servidores, o convite era de R$ 1.500. Para outros dois, o ingresso sairia por R$ 750.
Na reunião, Rebello diz que foi determinado ainda que os servidores que tivessem gratificação do tipo FG5 ou FG6 não podem fazer "Pix direto", sugerindo que a transferência fosse realizada em nome de outra pessoa, o cônjuge, por exemplo.
A Folha apurou que todos os servidores na reunião possuem funções gratificadas, que é um valor adicional ao vencimento por conta de alguma função especial que exerce, como chefe de núcleo, coordenador ou diretor, por exemplo.
As gratificações com os símbolos FG5 e FG6 são as maiores, superiores a R$ 13 mil e a R$ 21 mil, respectivamente.
As falas de Rebello nos áudios sugerem ainda que a prática estava sendo adotada também em outros setores da Secretaria da Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação,
Procurada, a prefeitura, por meio da Secretaria da Administração, se manifestou por meio de nota que a atitude do servidor não teve anuência da instância superior direta —o secretário Oliveira—, ou de qualquer outra instância da prefeitura.
Cerca de três horas depois, a prefeitura encaminhou uma nova nota, acrescentando que Greca determinou a exoneração de Rebello.

 


Fonte: *Redação CN, com informações da Folha de São Paulo
CN INSTITUCIONAL