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Dez anos depois, obras prometidas para a Copa seguem incompletas


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VLTs e BRTs foram transformados em soluções menos ambiciosas ao longo de uma década

Foto: Rogério Florentino/Folhapress
Parte dos projetos foi abandonado e nunca será entregue

Dez anos depois do pontapé inicial da Copa do Mundo no Brasil, cidades-sede do evento têm ao menos 13 obras de mobilidade urbana que não foram entregues até hoje.
Dessas, seis são promessas que nunca sairão do papel, pois os projetos foram abandonados após o torneio, sem contar aquelas que foram entregues parcialmente ou com modificações significativas na proposta original.
Com atraso, ao menos 16 obras foram entregues na última década, a última delas, a duplicação de uma avenida em Porto Alegre (RS), ocorreu só neste ano.
Em comparação, mais de 30 obras relacionadas a mobilidade, aeroportos e portos foram entregues antes da Copa, mesmo que com poucos dias de antecedência.
O legado contrasta com a Matriz de Responsabilidades, documento com os compromissos de investimento assumidos pelo governo federal em razão do torneio.
Foram R$ 8,7 bilhões destinados a intervenções viárias no entorno de estádios e a mobilidade urbana, identificada como um dos maiores problemas enfrentados pelas populações das metrópoles brasileiras.
Era a maior rubrica do programa, cerca de R$ 400 milhões a mais do que foi destinado à construção e reforma das arenas.
Atrasos tão prolongados se explicam pela mudança drástica na política econômica brasileira antes e depois de 2014. O economista Ciro Biderman, diretor do FGV Cidades e chefe de gabinete da SPTrans à época da Copa, afirma que o segundo governo de Dilma Rousseff (PT), cortou investimentos em seus primeiros meses, em 2015.
Foi o que ocorreu em uma obra em Natal (RN). O governo estadual afirmou que a reestruturação de uma das principais avenidas da capital potiguar não foi feita porque "o orçamento deixou de existir. A expectativa de recursos não foi viabilizada".
Além da falta de capacidade de investimento no setor público, segundo Biderman, antes disso houve falta de planejamento. Isso fez com que os governos locais mirassem em projetos audaciosos, caros e desnecessários, que não seriam financeiramente sustentáveis a longo prazo.
Isso explica a mudança de escopo dos projetos. Linhas de VLT foram canceladas para dar lugar a BRTs. E estes, por sua vez, acabaram transformados em meras faixas exclusivas de ônibus.
Em Curitiba (PR), a prefeitura diz que a maioria das obras contratadas para a Copa foi concluída antes da competição. Entre as exceções está a ampliação do Terminal Santa Cândida, finalizada apenas em 2019.
A implantação de um BRT entre o aeroporto e a rodoferroviária, se tornou inviável, de acordo com a prefeitura. O projeto acabou adaptado para uma versão mais simples e foi batizado de "corredor expresso", concluído antes dos jogos.

 

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Fonte: Redação Cornélio Notícias, com informações da Folha de São Paulo
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