Membros da cúpula do Governo do Rio de Janeiro atribuem a magnitude da reação de criminosos na segunda-feira (23), à inesperada proximidade do líder máximo da maior milícia do Estado, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, do local em que ocorria a operação policial.
Agentes ouviram no rádio apreendido com Matheus da Silva Rezende, também conhecido como Faustão ou Teteu, o alerta para que o "01" fosse protegido. Para o Palácio Guanabara, a extensão dos ataques pela zona oeste teve como objetivo dispersar as ações policiais para garantir a fuga de Zinho.
Os criminosos incendiaram 35 ônibus, um trem e veículos de passeio após Faustão ser morto pela polícia numa operação na comunidade Três Pontes. Ele era apontado como o número 2 na hierarquia e sobrinho do líder do chamado Bonde do Zinho.
Em um dos fuzis apreendidos havia a inscrição 'Tropa do Mais Novo', como era chamado o grupo controlado por Faustão, segundo a polícia.
A cúpula de segurança esperava uma reação à prisão, mas não com a proporção tomada. Principalmente porque o objetivo da operação era a prisão de Faustão e não se sabia da proximidade de Zinho no local.
Por essa razão o governador Cláudio Castro (PL), se manifestou em suas redes sociais parabenizando a Polícia Civil pela prisão de Faustão, antes da confirmação de sua morte no hospital e reação dos comparsas.
Castro estava no Palácio Guanabara em reunião com o secretário da Casa Civil, Nicola Miccione e o controlador-geral do Estado, Demetrio Farah Neto, quando soube dos distúrbios.
Fontes da polícia afirmam que, pelo rádio, foi possível ouvir milicianos oferecerem R$ 500 para quem pudesse incendiar ônibus por toda a região. A orientação era que a ação fosse filmada para que a quantia fosse recebida.
Um delegado que participou da ação disse que acredita que a ordem com o pagamento foi repassada sem critério, o que teria intensificado a reação.
Faustão é o terceiro da família Braga a ser morto em ação da Polícia Civil.
Antes disso, Wellington da Silva Braga, o Ecko e irmão de Zinho e Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, chefiavam o grupo criminoso até 2017.
Ecko foi morto em junho de 2021 após ser preso em casa e baleado pela segunda vez dentro da van da Polícia Civil. Agentes envolvidos na ação disseram que ele tentou tirar o fuzil de uma policial no veículo.
O caso foi arquivado pela Justiça, apesar de contradições em depoimentos dos policiais envolvidos na prisão e na morte de Ecko.
Três Pontes foi morto por agentes numa ação para prendê-lo.