Publicado no Instagram oficial da prefeitura de Curitiba, o post tem uma foto que mostra um banco amarelo de um ônibus e a seguinte mensagem: "Mães de bebês reborns não têm direito ao banco preferencial".
A gente entende o apego, mas os bancos preferenciais são para públicos prioritários: Obesos; Crianças de colo; Gestantes; Idosos; Pessoas com deficiência; Pessoas do espectro autista. Os reborns são fofos, mas não garantem lugar no amarelinho, tá? ", diz a mensagem
O comunicado da prefeitura da capital do Paraná foi divulgado em meio à publicação de diversos conteúdos de "mães reborn" que viralizaram recentemente nas redes sociais.
Usuários criaram memes sobre a tendência e fizeram críticas.
"Vi um vídeo agora de uma mulher que não foi trabalhar pq o bebê reborn dela tava doente e precisava ir ao médico", diz post no X.
Em abril, um grupo de mulheres promoveu um encontro de "mães e bebês reborn" no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, por exemplo.
Após a reunião, repercutiu muito na internet um vídeo publicado em 2022 pela influenciadora Sweet Carol, no qual ela simula o parto de uma bebê reborn.
Em 7 de maio, vereadores do Rio aprovaram um projeto para criar o Dia da Cegonha Reborn, que tem o objetivo de homenagear as artesãs que confeccionam as bonecas.
Na quinta-feira (15), um deputado federal apresentou à Câmara um projeto de lei que prevê multar em mais de R$ 30 mil quem usar bebê reborn para furar filas no Brasil.
Na mesma data, outros dois parlamentares apresentaram propostas referentes ao tema: para impedir a realização de atendimentos médicos a bonecas em instituições públicas e privadas; e para definir critérios para acolhimento psicossocial de pessoas com vínculo afetivo intenso com as reborn.
As bonecas conhecidas como “bebês reborn” são versões hiper-realistas que imitam recém-nascidos, ultrapassaram o universo infantil e conquistaram adultos, se tornado fébre e e motivo para o debate sobre saúde mental dos colecionadores.
Segundo os neuropsicólogos, a régua para um comportamento ser considerado danoso à saúde mental é a medida em que ele prejudica a saúde física ou mental da pessoa ou de terceiros, quando isso não ocorre, não podemos falar de prejuízo.
Apesar disso, o alerta é para casos em que a relação com o boneco ultrapassa o lúdico e passa a interferir na percepção da realidade.
É nesse ponto que pode surgir o que a psicologia denomina de Síndrome de Annabelle, um quadro caracterizado por obsessão excessiva por bonecos hiper-realistas, com apego emocional intenso, reprodução de vínculos parentais e comprometimento das relações sociais reais.
É quando a pessoa começa a substituir vínculos afetivos reais por vínculos simbólicos com o boneco, o que pode gerar isolamento, negação de perdas, ou fuga de situações emocionais mal elaboradas.
Em casos extremos, deve-se buscar tratamento, acompanhamento psicológico e abordagens terapêuticas voltadas para ressignificação afetiva.