O Norte paranaense tem enfrentado fortes chuvas nas últimas semanas, com recorrentes alertas de perigo sendo emitidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia. As tempestades, precedidas de um longo período de estiagem no início de janeiro, estão causando prejuízos aos agricultores, principalmente os focados em culturas produzidas a céu aberto.
André Luiz Varago, engenheiro agrônomo que atua nas Centrais de Abastecimento de Londrina e Maringá, informou que as hortaliças folhosas são as que mais estão sofrendo com o clima, como alface, almeirão, couve-manteiga, rúcula, salsinha e cebolinha.
Em sua avaliação, “a menor irradiação solar nos períodos chuvosos reduz a velocidade de maturação dos hortifrutis, tanto daqueles produzidos em campo aberto, quanto dos cultivados em estufa, como o tomate, por exemplo. Logo, diminui o volume colhido e, consequentemente, há uma tendência de subir os preços”.
Segundo o engenheiro, o comércio continua estável mesmo com os prejuízos recentes, mas “quase todas as folhagens tiveram uma sensível elevação dos valores”.
Varago garantiu que não há risco de desabastecimento na CEASA Londrina, pois “a disponibilidade dos hortifrutis na região é boa e as empresas permissionárias instaladas na unidade podem trazer produtos de outras regiões e Estados do Brasil, mantendo a oferta das mercadorias".
Produtor rural há mais de 40 anos, Eliel dos Santos Silva é dono do sítio Tapera da Lagoa, localizado no Patrimônio Selva, na zona sul de Londrina. De sete hectares e meio disponíveis para plantio, a maioria abriga mais de vinte tipos de hortaliças, como brócolis, alface, rúcula, espinafre, repolho, rabanete, salsinha, cebolinha, coentro e almeirão.
Considerando a recente estiagem prolongada enfrentada pelos agricultores, seguida de fortes chuvas constantes, o verdureiro perdeu de 50% a 70% de sua produção, somando um rombo financeiro em torno de R$ 30 mil.
A dificuldade se estende para a mão de obra hábil a realizar os processos agrícolas, levando em conta o plantio, colheita e venda.
Com o acúmulo de perdas, Eliel dos Santos Silva afirmouque vê muitos lavradores desistindo do ramo das hortaliças e “se entregando para a soja e milho, que planta com o maquinário e pronto”.