O ministro das Relações Exteriores de Israel disse na segunda-feira (19), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é bem-vindo em Israel até que retire seus comentários comparando a guerra contra os militantes do Hamas em Gaza ao genocídio nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
"Não vamos esquecer nem perdoar. Trata-se de um grave ataque antissemita. Em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, diga ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que retire o que disse", disse o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, ao embaixador do Brasil, de acordo com uma declaração do gabinete de Katz.
Israel acusou Lula de banalizar o Holocausto e de ofender o povo judeu.
Katz convocou o embaixador brasileiro ao memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, para uma reprimenda na segunda-feira por causa dos comentários de Lula.
A guerra em Gaza começou quando o grupo militante palestino Hamas enviou combatentes para Israel em 7 de outubro do ano passado, matando 1.200 pessoas, a maioria civis e fazendo 253 pessoas reféns, de acordo com dados israelenses.
Desde então, a ofensiva israelense por terra e ar devastou a maior parte de Gaza, matou mais de 29 mil pessoas, também a maioria civis, segundo autoridades palestinas e forçou a maioria dos 2 milhões de habitantes do enclave a deixar suas casas.
De acordo com o Palácio do Planalto, o governo pretende reforçar as críticas do presidente sobre o conflito na Faixa de Gaza, focando no Estado de Israel, no governo de Benjamin Netanyahu e não no povo judeu. Mas não deverá pedir desculpas pela fala do último final de semana.
Internamente, o Planalto avalia que a fala de Lula não estava errada, mas que o discurso pode, sim, ser confundido com um ataque ao povo judeu.
O presidente se reuniu com o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais da presidência e o ministro Paulo Pimenta (SECOM) no Palácio da Alvorada para tratar do assunto.
O Planalto insiste que as críticas aos ataques israelenses devem continuar: o plano, agora, é deixar a separação dos posicionamentos entre as ações do Estado e a sua população mais clara.
A declaração fez estragos, mas ainda não há consenso sobre como lidar com ela.
Segundo interlocutores, uma possibilidade seria uma carta ou declaração que tentasse amenizar a situação.