Foragida das autoridades americanas e acusada de se passar por advogada nos EUA, a brasileira Patrícia Leis sinalizou estar no México em suas redes sociais, após ser confrontada por usuários das redes sociais, na quarta-feira (17).
Horas antes, ela havia postado no X, antigo Twitter, uma gravação da tela de seu celular, que mostrava a temperatura para a localidade mexicana de Cauanhtémoc.
O vídeo foi publicado para mostrar as mensagens supostamente enviadas para sua conta no X por um jornalista americano. A localização mexicana aparece no final da gravação, no canto inferior da tela.
"Mds a mulher sendo procurada pelo FBI e vaza a localização dela", escreveu um perfil na rede, após a publicação do vídeo.
"Tem que ser MUITO burro para achar que o governo já não sabe. Não entrei em nenhum país de forma ilegal. Entrei com meus documentos. Vai ser burro na casa do c*&#%", respondeu Lélis.
Em outra mensagem na conversa, a brasileira disse estar "calmíssima, na praia inclusive".
"Seria o primeiro caso de fuga com a pessoa na internet", ironizou ela, em seguida.
De acordo com a acusação, Patrícia se passou por uma advogada de imigração capaz de ajudar clientes estrangeiros a obter vistos E-2 e EB-5 para os Estados Unidos.
O programa EB-5 proporciona residência permanente legal e possível cidadania, se um cidadão estrangeiro investir fundos substanciais – normalmente, um mínimo de 1 milhão de dólares – em empresas qualificadas que criam empregos nos Estados Unidos.
Segundo a brasileira, o dinheiro investido para obtenção do visto iria para um projeto de desenvolvimento imobiliário no Texas que se qualificava para o programa EB-5. Apesar disso, na realidade, o dinheiro teria ido para a conta bancária pessoal de Patrícia.
Além da entrada da casa, ela teria feito reformas e pago outras despesas pessoais, como dívidas de cartão de crédito.
A brasileira ainda é acusada de atuar ativamente para encobrir o esquema e obter mais dinheiro.
Lelis criou a falsa identidade de "Jeffrey Willardsen", um suposto funcionário de uma empresa de investimento imobiliário do Texas, para induzir uma das vítimas a realizar depósitos de dinheiro.
"Nicole Stone" foi outro nome falso usado no esquema, dessa vez por um colega da brasileira que seguia suas orientações, para convencer essa mesma vítima.
A jornalista e blogueira de 29 anos ficou conhecida em 2016, após ter acusado o pastor e deputado federal Marcos Feliciano (PL-SP) de estupro. Dois anos depois, porém, o juiz Aimar Neres de Matos, da 4ª Vara Criminal de Brasília, arquivou o processo contra o parlamentar, acolhendo pedido do Ministério Público do Distrito Federal.
Em outra denúncia, Lélis também acusou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de ameaçá-la após troca de ofensas públicas em 2017. Na ocasião, ela afirmava que ele a teria chamado de "otária" e ameaçado "acabar com a sua vida" caso a discussão continuasse. No entanto, relatório da Polícia Civil do Distrito Federal de 2021 aponta que havia indícios de crime de denunciação caluniosa de Lélis contra o "zero três".
Na época da acusação, ela trabalhava no PSC, então sigla de Eduardo Bolsonaro, que ela declarava ser seu namorado no período.
Políticos igualmente foram alvo de uma denúncia da ex-militante bolsonarista, que mudou de lado e passou a se declarar petista.
A procuradora-geral da República à época Raquel Dodge apresentou denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o parlamentar e depois foi remetido à primeira instância.
Na ocasião, ela também denunciou Talma Bauer, chefe de gabinete do político, por mantê-la em cárcere privado e supostamente, tê-la obrigado a publicar vídeos negando as acusações contra o pastor. A queixa contra Talma Bauer estava no âmbito da Polícia Civil de São Paulo.
No fim do inquérito, o Ministério Público denunciou Patrícia por falsa comunicação de crime e extorsão contra Talma Bauer, então chefe do gabinete do parlamentar.
Em 2018, Patricia Lélis chegou a ser candidata a deputada federal por São Paulo filiada ao PROS, mas não obteve o número mínimo de votos para conquistar uma vaga.
A jornalista ainda foi alvo de investigação dentro do PT pela sua expulsão da legenda por declarações transfóbicas em 2021, onde publicou um vídeo nas redes sociais em que falava sobre uma mulher trans, que suspostamente "mostrou seu pênis a outras mulheres e adolescentes" ao entrar em um banheiro em Los Angeles.
No PT, onde apoiava o candidato Luiz Inácio “Lula” da Silva na eleição para presidente, por sua vez, ela acabou sendo expulsa sob acusações de discurso de ódio.