O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, afirmou no domingo (10) que vai requisitar a abertura de inquérito policial para apurar publicações de dois jornalistas.
A declaração foi dada após a publicação de texto do colunista do jornal Folha de São Paulo Ruy Castro com o título “Saída para Trump: matar-se”. O autor afirma que, se o presidente americano optar pelo suicídio, Jair Bolsonaro (sem partido) deveria imitá-lo.
Outro jornalista alvo das críticas é Ricardo Noblat, da revista Veja. Em rede social, ele compartilhou um link para texto de Castro e reproduziu alguns trechos.
“Alguns jornalistas chegaram ao fundo do poço. Hoje dois deles instigaram dois presidentes da República a suicidar-se. Apenas pessoas insensíveis com a dor das famílias de pessoas que tiraram a própria vida podem fazer isso”, escreveu Mendonça em uma rede social.
O ministro chamou as publicações de crimes contra chefes de Estado e de desrespeito à pessoa humana e à nação.
“Por isso, requisitarei a abertura de inquérito policial para apurar ambas as condutas. As penas de até 2 anos de prisão poderão ser duplicadas (§ 3º e 4º do art. 122 do Código Penal), sem prejuízo da incidência de outros crimes”, escreveu Mendonça, ainda na rede social.
O artigo citado pelo ministro diz que “induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça” geraria pena de reclusão de 6 meses a 2 anos.
Não é a primeira vez que Mendonça pede abertura de inquéritos contra profissionais da imprensa.
Outros membros do governo criticaram as publicações de Castro e Noblat. “Criminoso e canalha, que atenta contra o país, afetando a segurança nacional. Isso deve ser repudiado não só pela Veja, mas também por todos os brasileiros. São pessoas que fomentam a guerra e o caos”, escreveu o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que disse ainda que incitação ao suicídio é crime e discurso de ódio.
Noblat teve suas postagens sobre o tema apagadas pelo Twitter. Segundo a empresa, as postagens violaram as regras de uso da rede social. Além disso, suas funções foram desabilitadas pela rede social e ele ficou sem poder tuitar, retuitar ou curtir nada por até 12 horas.
A revista Veja chegou a afirmar que repudia com veemência a declaração de seu colunista. “Não achamos que esse tipo de opinião contribua em nada para a análise política do país”, publicou a revista em rede social.