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Procuradores da Lava Jato criticaram Moro por ingresso no governo Bolsonaro, diz Intercept


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Segundo conversas divulgadas hoje, decisão do ex-juiz compromete legado da Lava Jato na visão de membros da força-tarefa.

Foto: VEJA
Segundo conversas divulgadas hoje, decisão do ex-juiz compromete legado da Lava Jato na visão de membros da força-tarefa.

 Novas conversas atribuídas a procuradores da Operação Lava Jato divulgadas pelo site The Intercept Brasil na madrugada deste sábado (29) mostram a repercussão do ingresso de Sérgio Moro no governo Bolsonaro. As trocas de mensagem via Telegram, vindas de “fonte anônima”, revelam o incômodo de membros da força-tarefa com a decisão do então juiz, no fim de outubro de 2018, de assumir a pasta de Justiça do governo recém-eleito.

No grupo Filhos do Januario 3, trecho reproduzido pelo Intercept indica queixas em uníssono. Para o procurador-regional da República Antônio Carlos Welter, do Ministério Público Federal no Paraná, a adesão de Moro a Bolsonaro alimentaria a “teoria da conspiração” do PT de que a condenação de Lula foi resultado de perseguição política:

“Como ministro da Justiça, vai ter que explicar todos os arroubos do presidente, vai ter que engolir muito sapo e ainda vai ser profundamente criticado por isso. Veja que um dos fundamentos do pedido feito ao comitê da ONU para anular o processo do Lula é justamente o de falta de parcialidade do juiz. E logo após as eleições ele é convidado para ser ministro. Se aceitar, vai confirmar para muitos a teoria da conspiração. Vai ser um prato cheio.”

Para Welter, assumir a Justiça seria “incompatível com a [postura] de juiz”. “É o fim ir se encontrar com Bolsonaro e semana que vem ir interrogar o Lula”, afirma a procuradora Isabela Groba.

Já a procuradora da República Monique Cheker teria classificado de “inquisitivo” o então juiz. Em conversa com colega, dá a entender que Moro não costuma levar em conta a posição do Ministério Público em suas decisões. “Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”, diz, segundo o Intercept.

Outro membro da força-tarefa da Lava Jato, Sérgio Luiz Dias, lamenta que a decisão de Moro ser ministro de Bolsonaro impacte negativamente no legado da Lava Jato.

“Para mim, LJ [Lava Jato], além de ser um símbolo, é um método de atuação das nossas instituições, que nos permitiu, até aqui, surfar juntos em uma excelente onda. Mas será difícil, muito difícil, hoje e provavelmente no futuro, com a assunção de Moro ao MJ, afastar a imagem de que a LJ integrou o governo de Bolsonaro. Vejo, por esse motivo, com muita preocupação esse passo do Moro.”

Já a procuradora Laura Tessler usa apelido jocoso de Bolsonaro para criticar novo passo de Moro. “Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT, e o discurso vai pegar. Péssimo... E Bozo é muito malvisto; se juntar a ele vai queimar o Moro.”

A resposta de Monique Cheker
A procuradora Monique Cheker, que teria chamado Moro de “inquisitivo”, compartilhou hoje pelo Twitter imagens que mostram edição do Intercept. Em tweet de Glenn Greenwald, editor-fundador do site, antes da publicação da matéria, o nome do interlocutor de Cheker é Angelo Goulart Villela. Villela foi preso em 2017 e não conversou com a procuradora em 2018.

Na versão final, publicada no site, aparece apenas o nome Angelo, que seria do procurador Angelo Costa.

O Twitter confirma que o tweet com o nome incorreto foi deletado por Glenn Greenwald. Glenn explica que foi um erro de edição antes da publicação no site:

 

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Fonte: VEJA
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