Com as ondas de calor persistentes no Brasil desde o início do ano, a sensação é de que o fenômeno La Niña, que esfria as águas no oceano Pacífico, não deu as caras.
Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, sua presença foi sentida, mas bem menos do que o previsto em dezembro de 2024.
La Niña é o fenômeno que costuma "esfriar as coisas". Ele resfria, em larga escala, as águas superficiais no centro e no leste do oceano Pacífico Equatorial, associado a variações na circulação atmosférica tropical, mais especificamente nos ventos, na pressão e nas precipitações, explica a OMM.
A temperatura do oceano deve voltar ao normal rapidamente. As temperaturas da superfície do Pacífico Equatorial atualmente estão inferiores à média por conta do La Niña, mas devem voltar rapidamente à normalidade, afirma a OMM.
De acordo com o órgão, isso ocorre devido às mudanças climáticas que estão acontecendo pelo aquecimento global.
Esta persistência limitada de temperaturas mais frias do que o normal no Oceano Pacífico Equatorial pode ser atribuída à nova realidade imposta pelas mudanças climáticas, que estão elevando as temperaturas do globo, bem como a dos oceanos.
Este aumento térmico, pode contribuir para intensificação eventos considerados extremos, além de alterar os padrões climáticos tradicionais, enfraquecendo a atuação de fenômenos como o La Niña
O fenômeno poderia ajudar a diminuir impactos das mudanças climáticas. Em dezembro, a OMM advertiu que a chegada de La Niña seria insuficiente para compensar os efeitos do aquecimento global.
De fato, o de 2025 foi o mês de janeiro mais quente já registrado, indicou a organização em nota.
O cenário é de incerteza. A probabilidade de que retorne para condições "neutras" — que não indicam a ocorrência do El Niño nem do La Niña — é de 60% para o período de março a maio e "chega a 70% para o período de abril a junho".
O fenômeno traz mudanças no clima de todo o país. Segundo o ClimaTempo, algumas alterações podem ser vistas durante o La Niña, são elas:
- Aumento das chuvas no Norte e Nordeste
- Tempo seco no Centro-Sul e Sul
- Aumento da entrada de massas de ar frio no Sul e Sudeste, que podem gerar maior variação térmica
Alguns dos impactos ainda poderão ser sentidos nas próximas semanas. No Centro-Oeste e Sudeste as chuvas próximas ou abaixo da média para o mês de março, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, com volumes abaixo de 160 milímetros.
No Sul é previsto o mesmo, mas com aproximadamente 130 milímetros de chuvas.
Já no Norte e Nordeste, são previstas chuvas intensas de 30 a 60 milímetros, além de ventos de até 100 km/h.
Esse comportamento típico nem sempre ocorre, pois é necessário considerar também outros fatores como a temperatura do Oceano Atlântico (Tropical e Sudeste da América do Sul), que também pode atenuar ou intensificar os impactos do fenômeno
Geralmente, o fenômeno La Niña produz efeitos climáticos opostos aos do El Niño, especialmente nas regiões tropicais. Este, por sua vez, esquenta o oceano, aumentando a temperatura atmosférica.
Segundo a OMM, a chance dele ocorrer ainda este ano é quase nula.