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Desembargador diz em sessão que “mulheres assediam homens”


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A declaração foi repudiada pela OAB do Paraná

Foto: Reprodução/ YouTube
O desembargador Luís César de Paula Espíndola do TJPR

O desembargador Luís César de Paula Espíndola disse, em uma sessão do Tribunal de Justiça do Paraná, realizada na última quarta-feira (3), que “as mulheres estão loucas atrás dos homens” e que elas os assediam.
Após a declaração, a Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná repudiou a fala do magistrado.
A sessão tratava sobre um processo de assédio sexual de um professor contra uma menina de 12 anos. A desembargadora Ivanise Tratz defendeu que a medida protetiva em favor da criança contra o professor não era "extremada".
Espíndola questionou a magistrada afirmando se tratar de um discurso feminista, desatualizado, porque, visto que hoje, quem está assediando e correndo atrás dos homens são as mulheres.
“O que existe hoje é que as mulheres estão loucas atrás dos homens, porque são muito poucos", declarou.
Espíndola ainda disse que professores de faculdades são constantemente assediados por alunas. Em seguida, desculpou-se pela conversa "vulgar" e afirmou que o assunto "não tem nada a ver com processo".
Logo, a OAB Paraná emitiu nota oficial sobre as falas de Espíndola. A autarquia classificou as palavras do desembargador como "discriminatórias e desrespeitosas" às mais recorrentes vítimas de todo o tipo de assédio, as meninas e mulheres brasileiras.
A nota também trouxe estatísticas que contradizem o que Espíndola falou em sessão.
Segundo o Anuário de Segurança Pública do Paraná de 2022, 1.013 mulheres registraram boletins de ocorrências pelo crime de assédio sexual e cerca de 2.300 foram importunadas sexualmente.
Em nota, o TJPR afirmou que não endossa os comentários feitos pelo desembargador. A nota ainda diz que já foi aberta investigação preliminar. Espíndola terá cinco dias para se manifestar. O Tribunal ainda ressaltou "que não compartilha de qualquer opinião que possa ser discriminatória ou depreciativa".
Na noite de quinta-feira (4), o desembargador Luís César de Paula Espíndola enviou nota à imprensa afirmando que nunca houve a intenção de menosprezar o comportamento feminino nas declarações proferidas e que sempre defende a igualdade entre homens e mulheres.
Ele lamentou o ocorrido se dizendo solidário com todas e todos que se sentiram ofendidos com a divulgação parcial do vídeo da sessão.
O Ministério Público do Paraná se manifestou afirmando que a igualdade de gênero é pauta prioritária da instituição e que todo posicionamento contrário não condiz com o atual estágio de desenvolvimento dos direitos humanos.
As declarações feitas por Luís Cesar de Paula Espíndola já estão sendo apuradas pela Corte Estadual, conforme o MPPR.

 


Fonte: Redação Cornélio Notícias, com informações do Portal Bonde
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