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Anfitriões de eventos paralelos do “ Gilmarpalooza” respondem a ações no STF e STJ


MPL - ADVOGADOS ASSOCIADOS

Advogados e empresas respondem a pelo menos 145 processos em andamento

Foto: Ilustrativa
O Fórum de Lisboa foi promovido pela faculdade fundada pelo ministro Gilmar Mendes

 

Advogados e empresas que realizaram jantares e coquetéis para autoridades dos Três Poderes em Portugal na semana passada, em paralelo ao Fórum de Lisboa (apelidado de '' e 'Gilmarfest'), têm pelo menos 145 processos em andamento no STF (Supremo Tribunal Federal) e no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Ministros das duas Cortes estiveram na capital portuguesa para o evento principal.

O Fórum de Lisboa foi promovido pelo IDP, faculdade fundada pelo ministro Gilmar Mendes. Em sua 12ª edição, o evento reuniu autoridades do Judiciário, do Executivo e do Legislativo bem distante de terras brasileiras.
Paralelamente, vários escritórios de advocacia e empresas brasileiras promoveram encontros entre as personalidades em Lisboa.
Seis dos 11 ministros do STF, além de 12 ministros do STJ, foram ao Fórum na semana passada. Parte deles participou dos eventos paralelos na capital portuguesa. Houve até um "pocket show" do cantor Toquinho para convidados selecionados.
Um levantamento mostrou que ao menos 145 promotores de eventos paralelos respondem a casos julgados nos tribunais superiores de Brasília. A pesquisa levou em conta somente os processos públicos e que estão em andamento, isto é, que ainda poderão ser julgados.
Os números podem ser ainda maiores, já que o levantamento não considera casos que tramitam sob sigilo nem os que já foram julgados.
O advogado que defende o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no caso em que ele foi indiciado foi uma das pessoas que promoveram eventos paralelos.
Há também uma ex-ministra do STJ que fazia críticas a eventos com magistrados no passado e um banqueiro que teve uma investigação contra ele na Polícia Federal trancada de ofício pelo ministro Gilmar Mendes em 2021, entre outros.
No dia 25, uma das empresas mencionadas nas ações promoveu um coquetel de boas-vindas em sua cobertura em área nobre de Lisboa para mais de 80 convidados. O evento contou com a participação de nomes do PIB brasileiro, candidatos à sucessão do presidente da Câmara e o próprio Arthur Lira (PP-AL), além de governadores, ministros do governo Lula (PT) e integrantes de tribunais superiores, como o próprio Gilmar Mendes e Humberto Martins, do STJ.
A Figueiredo Velloso Advogados, conhecido escritório da capital federal, que defende alguns políticos e empresários, como o atual ministro das Comunicações, Juscelino Filho, recentemente indiciado pela PF por corrupção, organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e fraude a licitação, figura com seus sócios advogados em ao menos 30 processos em andamento no STF e em 43 no STJ.
O escritório promoveu no dia 26 de junho um pocket show de Toquinho no restaurante Zazah. O evento contou com cerca de 300 pessoas, tanto na parte de dentro quanto de fora do restaurante, entre eles ministros do STJ e do TCU (Tribunal de Contas da União) e autoridades tanto da direita quanto da esquerda, como a ministra Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação) o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC).
Bruno Calfat, advogado do Rio de Janeiro, reuniu cerca de 40 pessoas, incluindo algumas autoridades, para um jantar em seu imóvel com vista para o Rio Tejo, na capital portuguesa. Ele aparece como advogado em três processos em andamento no STF e três no STJ.
Eliana Calmon, ex-ministra do STJ e advogada, famosa por criticar e combater desvios de conduta de magistrados quando foi corregedora nacional de Justiça, hoje tem um escritório de advocacia. Ela figura como advogada em quatro processos em andamento no STF e 57 em andamento no STJ. No dia 27, seu escritório, promoveu um almoço, realizado em parceria com duas empresas de comunicação, Jota e Torre.
O evento foi destinado a um grupo de convidados no "tradicional restaurante português Solar dos Presuntos" e contou com a presença dos ministros Luís Roberto Barroso, presidente do STF, Mauro Campbell e Rogerio Schietti, ambos do STJ.
Na noite do dia 27 de junho, o Banco BTG Pactual realizou um coquetel que encheu o SUD Pool Lounge Bar, um bar localizado em um terraço com vista panorâmica para o Rio Tejo em uma área nobre de Lisboa.
Passaram por lá os ministros do STF Gilmar Mendes e Luis Roberto Barroso, que se encontraram com o presidente do conselho do banco, André Esteves.
O BTG Pactual aparece em três processos em andamento no STF e seu fundador, André Esteves, responde por um inquérito que o investigava no âmbito da Operação Lava Jato, que foi trancado por Gilmar Mendes em 2021.

 


Fonte: Redação Cornélio Notícias, com informações do Portal UOL
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