Os assessores do ministro da justiça, Flávio Dino, receberam a mulher de um líder do Comando Vermelho dentro do prédio do ministério por duas vezes neste ano de 2023. Conhecida como “dama do tráfico amazonense”, a mulher se chama Luciane Barbosa Farias e participou de audiências com dois secretários e dois diretores de Dino em um período de três meses. Entretanto, o nome de Luciane não está presente nas agendas oficiais.
Segundo o jornal “Estadão”, o Ministério da Justiça admitiu que a mulher foi recebida por secretários de Flávio Dino, porém, afirmam que ela integrou uma comitiva e que não era possível o setor de inteligência detectar previamente a presença dela.
A “dama do tráfico amazonense” é casada há 11 anos com Clemilson dos Santos Farias, chamado de “Tio Patinhas”, que já foi considerado o criminoso número um na lista de procurados pela polícia do Amazonas até ser preso em dezembro do ano passado.
Os dois foram condenados em segunda instância por associação para o tráfico e organização criminosa, além de lavagem de dinheiro.
Luciane foi sentenciada a dez anos e recorre em liberdade, já Clemilson cumpre 31 anos de prisão.
No mês de maio, Luciane entrou no Ministério da Justiça como presidente da Associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA). Na teoria, uma espécie de ONG em prol da defesa dos direitos dos presos. Segundo a Polícia Civil do Amazonas, a instituição atua com detentos ligados à facção.
Criada em 2022, a “ONG” também seria financiada pelo dinheiro do tráfico.
Em 19 de março, a mulher estava com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos do ministro Flávio Dino. Em 2 de maio, Luciane se encontrou com Rafael Velas Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN).
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, comandado por Silvio Almeida, confirmou ter pago uma das viagens de Luciane Barbosa Farias a Brasília. A informação foi divulgada primeiramente pelo jornal O Globo e confirmada pelo Poder360°.
Em nota, o ministério disse que o pagamento foi feito para o encontro nacional do CNPCT (Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura), realizado nos dias 6 e 7 de novembro.
O dinheiro usado, segundo o ministério, veio do orçamento próprio reservado ao CNPCT.
Luciane foi indicada pelo comitê estadual do Amazonas como representante da região para o evento e por isso sua viagem foi paga pelo órgão.
A informação de que a viagem havia sido custeada pelo órgão foi dada por Luciane a jornalistas na 3ª feira (14.nov). A conversa foi realizada depois que reuniões da “dama do tráfico” no Ministério da Justiça e Segurança Pública vieram a público. Ela também se encontrou com congressistas e governistas ligados ao PT ao longo deste ano.